“Resumão” da Reforma Tributária: o que muda para as empresas? Como se preparar?

Atualizado em 23/10/2025

A Reforma Tributária representa uma das maiores transformações no sistema de tributos brasileiro nas últimas décadas.
Ela promete simplificar o modelo atual, reduzir custos operacionais e trazer mais previsibilidade para empresas de todos os portes, mas também exige adaptação e planejamento.

A seguir, você confere tudo o que muda, os impactos no Simples Nacional e as principais providências para preparar sua empresa para essa nova era tributária.

Fim da complexidade atual

Os cinco tributos atuais: PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, serão substituídos por dois novos impostos:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – de competência federal

  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – de competência estadual e municipal

Essa unificação padroniza regras, alíquotas e obrigações acessórias, reduzindo o custo de conformidade e simplificando o sistema tributário.

Sistema de crédito amplo e não cumulativo

  • As empresas poderão recuperar todo o imposto pago na cadeia, reduzindo o chamado “efeito cascata”.

  • O crédito será automático, eliminando a burocracia atual das compensações.

Essa mudança tende a melhorar a eficiência e a competitividade das empresas.

Cobrança no destino

O imposto passará a ser cobrado no local onde o produto ou serviço é consumido, e não mais onde é produzido.
Essa alteração reduz a guerra fiscal entre estados e traz mais previsibilidade para os negócios.

Alíquota única com exceções

  • Haverá uma alíquota padrão, estimada entre 25% e 27,5%, aplicada à maioria dos bens e serviços.

  • Setores como saúde, educação e transporte terão alíquotas reduzidas.

Transição gradual até 2033

As empresas terão um período de adaptação progressiva, conforme o cronograma abaixo:

  • 2026: CBS e IBS entram em vigor com alíquotas mínimas.

  • 2027 a 2033: os tributos antigos serão extintos gradualmente.

Menos litígios e insegurança

Com regras unificadas e mais claras, a tendência é de redução das disputas judiciais e autuações fiscais.

Digitalização e simplificação

A expectativa é a criação de um sistema eletrônico nacional único para apuração e recolhimento dos tributos.
Isso facilitará o cumprimento das obrigações fiscais e trará mais transparência.

Em resumo:

A Reforma Tributária deve simplificar a vida das empresas, reduzir custos operacionais, melhorar a competitividade e trazer previsibilidade tributária.
Apesar de a alíquota total ser elevada, os créditos e a transparência devem compensar o impacto inicial.

Simples Nacional e a Reforma Tributária: o que muda?

O Simples Nacional continua existindo

  • A Reforma não extingue o Simples Nacional.

  • Micro e pequenas empresas (faturamento até R$ 4,8 milhões/ano) permanecem no regime atual, com as mesmas faixas e regras (até segunda ordem).

Possibilidade de “dupla tributação” opcional

Empresas optantes pelo Simples poderão:

  • Continuar pagando todos os tributos em uma guia única (DAS); ou

  • Recolher o IBS e a CBS fora do Simples, para aproveitar créditos tributários.

Essa segunda opção pode ser vantajosa para quem vende para outras empresas (B2B), pois:

  • O cliente só poderá usar crédito se o imposto for destacado fora do Simples.

  • Isso pode reduzir a atratividade do Simples para empresas próximas ao limite de faturamento.

Avaliação de competitividade

Com o novo modelo baseado em crédito e débito (IVA), empresas do Simples que não geram crédito para o comprador podem perder competitividade em determinados setores.

Exceções e regimes específicos permanecem

  • Setores com regimes diferenciados dentro do Simples (como MEI e prestadores de serviços) não terão mudanças imediatas.

  • O MEI continua existindo normalmente.

Transição gradual

  • O novo sistema começa em 2026 e vai até 2033.

  • As regras do Simples Nacional permanecem inalteradas até a conclusão da transição.

Resumo final:

  • O Simples Nacional será mantido.

  • Empresas que vendem para outras empresas devem avaliar se vale a pena destacar os tributos fora do DAS, para gerar crédito aos clientes.

  • A Reforma não obriga a mudança, mas abre novas alternativas que podem ser vantajosas para determinados perfis.

Principais providências para se preparar para a Reforma Tributária

Mapear e entender sua carga tributária atual

  • Levante todos os tributos pagos atualmente (federais, estaduais e municipais).

  • Entenda o peso de cada imposto sobre seus produtos e serviços.

Simular o impacto da nova tributação (IVA)

  • Avalie como o sistema não cumulativo (crédito e débito) afetará sua empresa:

    • Sua empresa gera créditos suficientes?

    • Seus clientes exigirão nota com destaque de CBS e IBS?

  • Dependendo do cenário, pode ser mais vantajoso manter-se no Simples ou adotar o novo modelo parcialmente.

Revisar a cadeia de fornecedores

  • Analise se seus fornecedores estarão preparados para o novo sistema.

  • Compras de quem não gera crédito poderão se tornar mais caras.

  • Pode ser necessário renegociar contratos ou trocar fornecedores.

Investir na automação fiscal

Adote ou atualize sistemas que permitam:

  • Gerenciar créditos com precisão;

  • Emitir notas fiscais com o novo layout (CBS/IBS);

  • Integrar-se ao sistema nacional eletrônico a ser criado.

Um ERP moderno e automatizado será essencial para garantir conformidade e eficiência.

Preparar a equipe

  • As áreas de vendas, compras, faturamento e financeiro precisam compreender as mudanças.

  • É essencial que saibam emitir corretamente os novos documentos fiscais, peça-chave do novo regime.

Acompanhar a regulamentação

Durante 2025, muitos pontos ainda serão regulamentados, como alíquotas, regimes especiais e normas operacionais.
Mantenha-se atualizado com:

  • Fontes confiáveis de informação;

  • Entidades de classe (SEBRAE, sindicatos, conselhos);

  • E principalmente, com a equipe da SiAnte.

Conclusão

Quanto antes sua empresa se preparar, compreendendo os impactos, ajustando preços, sistemas e equipe, mais tranquila será a transição para o novo regime tributário.

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